segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Onde encontrar?
Um dia joguei búzios
E seu nome estava lá.
Não quis acreditar
Pois nem sabia de você
E o tempo veio
E os amores vieram
E novamente li as cartas
Seu nome lá – ignorei.
Mais tempo ao tempo
E mais vida e trabalho
E mais histórias escrevi
Até que a cigana leu a minha mão
E viu você lá
Aceitei lhe aceitar
Mas onde lhe encontrar?
Nem mesmo sei por que caminho começar
Nem mesmo sei como é o seu olhar
Já sonhei um sonho bom com nós dois
Já senti sua presença na rua
Como se você sempre estivesse comigo
Mas sei que não está
E onde lhe encontrar?
Levarei seu nome aos quatro cantos
Procurarei seu sorriso onde quer que esteja
Seguirei sua voz se me disser que sim
Não lutarei mais contra o destino
Agora aceito que somos um do outro
Não vamos mais fugir
Eu sei, sim, e eu quero
Resta saber de você, se você sabe
Se você quer...
Seguirei o seu cheiro
Apareça em meus sonhos
Só mais uma vez
E não o deixarei escapar
Estamparei nossas fotos
Em todos os murais
Contarei ao mundo do nosso amor
Versarei os mais emocionantes
Versos de nossa felicidade
Mas só preciso saber
Onde lhe encontrar.
Letícia Andreia
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Falso sonho
Pode ouvir este poema em MP3 clicando no link:
http://www.mp3tube.com.br/audio/FALSO_SONHO_DE_LETICIA_ANDREIA
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Na falsa democrática nação
Não há mais a menor condição
De se dizer pátria amada, idolatrada.
Lança-se aqui a toda sorte
A forte corrupção.
Que herança é essa
Que temos na veia?
Não dá pra fugir ou viver alheia.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
À falsa imagem de crescimento
Nós povo vivemos no lamento
Não ouvido, mas muito sentido
O grito mais forte é mais temido
E se gasta até o que não é permitido.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
O silêncio nos é imposto
Na distração de todo dia
E escândalos um após o outro
A torto e a direito é a mesma decepção.
A violência antes dos grandes
Agora se faz presente nos menores –
Nos pequeninos.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Impõem-nos uma ditadura silenciosa
Nossos olhos a tapar
E muitos a acreditar
Que crise aqui não há.
Preferiria a ditadura aberta
A essa falsa liberdade armada.
Hoje nos calam com mais maldade
Que nos tempos da repressão
Atacam fundo e mais profundo
No mais fraco da nação.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Na falsa democracia de então
Não há mais a menor condição
De se dizer “Ó pátria amada – idolatrada”.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Reprime-se hoje no ponto mais fraco:
O sonho.
Antes se reprimia a voz.
E o sonho não morria.
Agora, sem sonho e sem voz
Vive-se sem credo e sem ego.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Até na educação
O educa caiu ao chão
Os olhares desgovernados
Dos nossos governantes
Já não olham mais pra nós
Com o carinho dos amantes
De antes das eleições.
E nossos olhos já não mais olham
Já não mais olham contra o governo
O caos é instalado
E nos sobra o desespero.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
“E agora? E agora, José?”
- perguntou um dia o poeta.
Pois a festa não acabou
E tem tanta gente ainda
A ser servida...
E de buchos vazios
Encheremos nossas barrigas
Com falsos sonhos
Não sonhados por nós
Nos impostos a cada dia.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
...
Letícia Andreia
http://www.mp3tube.com.br/audio/FALSO_SONHO_DE_LETICIA_ANDREIA
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Na falsa democrática nação
Não há mais a menor condição
De se dizer pátria amada, idolatrada.
Lança-se aqui a toda sorte
A forte corrupção.
Que herança é essa
Que temos na veia?
Não dá pra fugir ou viver alheia.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
À falsa imagem de crescimento
Nós povo vivemos no lamento
Não ouvido, mas muito sentido
O grito mais forte é mais temido
E se gasta até o que não é permitido.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
O silêncio nos é imposto
Na distração de todo dia
E escândalos um após o outro
A torto e a direito é a mesma decepção.
A violência antes dos grandes
Agora se faz presente nos menores –
Nos pequeninos.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Impõem-nos uma ditadura silenciosa
Nossos olhos a tapar
E muitos a acreditar
Que crise aqui não há.
Preferiria a ditadura aberta
A essa falsa liberdade armada.
Hoje nos calam com mais maldade
Que nos tempos da repressão
Atacam fundo e mais profundo
No mais fraco da nação.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Na falsa democracia de então
Não há mais a menor condição
De se dizer “Ó pátria amada – idolatrada”.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Reprime-se hoje no ponto mais fraco:
O sonho.
Antes se reprimia a voz.
E o sonho não morria.
Agora, sem sonho e sem voz
Vive-se sem credo e sem ego.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
Até na educação
O educa caiu ao chão
Os olhares desgovernados
Dos nossos governantes
Já não olham mais pra nós
Com o carinho dos amantes
De antes das eleições.
E nossos olhos já não mais olham
Já não mais olham contra o governo
O caos é instalado
E nos sobra o desespero.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
“E agora? E agora, José?”
- perguntou um dia o poeta.
Pois a festa não acabou
E tem tanta gente ainda
A ser servida...
E de buchos vazios
Encheremos nossas barrigas
Com falsos sonhos
Não sonhados por nós
Nos impostos a cada dia.
O país se desespera
Quando o morto vivo impera
...
Letícia Andreia
Sempre em frente
Poema que foi transformado em música:
http://www.mp3tube.com.br/audio/Sempre_em_Frente_-_Letra_de_Letícia...
SEMPRE EM FRENTE
Letra: Letícia Andréia /
Música: Rogério Ramos /
Intérprete Cecília
Das nuvens feitas de algodão
O sonho renasce com o sol
Manhã em cada coração
Todo dia é um novo dia
Presente saltitante de emoção
Nada que esmoreça a melodia
Senhores donos do destino
Semblantes marcados
Doce sorriso
A alegria é o tom desta canção
O recomeço nasce com o sol
Enquanto partilha a fé de uma nação
Senhores donos do destino
Não há triste palavra que esmoreça
É hora de soltar o menino
Desde que a velha esperança
Sempre permaneça
Liberte desta prisão
Eis que surge a estação
Primavera ou verão
Nada foge deste chão
Das nuvens feitas de algodão
O sonho renasce com o sol
Cair não é perder
Não é em vão
O sonho renasce com o sol
Esperança não se apaga com a razão
É Doce a melodia
Das nuvens feitas de algodão
O sonho renasce com o sol
Cair não é perder não é em vão
O sonho renasce com o sol
Esperança não se apaga com a razão
É doce a melodia
Eis que surge a estação
Primavera ou verão
Nada foge deste chão
Das nuvens feitas de algodão
O sonho renasce com o sol
Cair não é perder
Não é em vão
O sonho renasce com o sol
Esperança não se apaga com a razão
É doce a melodia
Das nuvens feitas de algodão
O sonho renasce com o sol
Cair não é perder não é em vão
O sonho renasce com o sol
Esperança não se apaga com a razão
É doce a melodia
Meus olhos.
Meus olhos
nos teus olhos
encontram:
a sabedoria
o amigo
o amante.
Meus braços
nos teus abraços
encerram:
o desejo
o carinho
o apego.
Meu mundo
no teu mundo
entrelaça:
a maturidade
a juventude
a união.
Letícia Andreia
nos teus olhos
encontram:
a sabedoria
o amigo
o amante.
Meus braços
nos teus abraços
encerram:
o desejo
o carinho
o apego.
Meu mundo
no teu mundo
entrelaça:
a maturidade
a juventude
a união.
Letícia Andreia
Qual o preço?
O som dos pássaros pela manhã,
Não tem preço.
O som da chuva sem tragédia,
Não tem preço.
O calor do sol sem exagero,
Não tem preço.
A brisa leve sem poluição,
Não tem preço.
A natureza em cápsulas
Que encontramos nas farmácias
Para cura de muitos males
Do corpo e da alma...
Não tem preço.
O sorriso de um transeunte descompromissado,
Não tem preço.
O choro de uma criança ao nascer,
Não tem preço.
O brilho no olhar de um amante,
Não tem preço.
Não tem preço a vida que se leva
E o que se leva da vida é nada ao partir.
Letícia Andreia
Não tem preço.
O som da chuva sem tragédia,
Não tem preço.
O calor do sol sem exagero,
Não tem preço.
A brisa leve sem poluição,
Não tem preço.
A natureza em cápsulas
Que encontramos nas farmácias
Para cura de muitos males
Do corpo e da alma...
Não tem preço.
O sorriso de um transeunte descompromissado,
Não tem preço.
O choro de uma criança ao nascer,
Não tem preço.
O brilho no olhar de um amante,
Não tem preço.
Não tem preço a vida que se leva
E o que se leva da vida é nada ao partir.
Letícia Andreia
Tentativas
Tentei escrever poemas profundos
Para pessoas profundas
De nada adiantou o não ser
O ser me corrompe a nada
E quanto mais leio poemas do mundo
Mais sórdida é minha poesia
Tentei escrever para quem lê
Algo que ainda não tinha sido lido
De nada adiantou os dedos em vão no teclado
A alma de poeta está incompleta
Vazia
( )
E as palavras permanecem banais
Com um despropósito qualquer
Tentei reorganizar antigas palavras
Para desgastá-las num sentido completo
Que missão dolorosa essa minha
O vazio dói quando toma conta a passagem do tempo.
Tentei escrever poemas descompromissados
Poemas chulos
Poemas de ais
Poemas de amor
Para pessoas do mundo
De nada adiantou tanto ser
A alma de poeta continua incompleta
Vazia
( )
E as palavras permanecem no sótão
Perdidas
Desconectadas
Tentei reorganizar histórias alheias
Silêncio profundo
Dói mais Dói mais quando olho o outro
Tentei cantar o cântico das almas
Tentei expor os meus sentimentos
Casulo. Nulo.
Letícia Andreia
Para pessoas profundas
De nada adiantou o não ser
O ser me corrompe a nada
E quanto mais leio poemas do mundo
Mais sórdida é minha poesia
Tentei escrever para quem lê
Algo que ainda não tinha sido lido
De nada adiantou os dedos em vão no teclado
A alma de poeta está incompleta
Vazia
( )
E as palavras permanecem banais
Com um despropósito qualquer
Tentei reorganizar antigas palavras
Para desgastá-las num sentido completo
Que missão dolorosa essa minha
O vazio dói quando toma conta a passagem do tempo.
Tentei escrever poemas descompromissados
Poemas chulos
Poemas de ais
Poemas de amor
Para pessoas do mundo
De nada adiantou tanto ser
A alma de poeta continua incompleta
Vazia
( )
E as palavras permanecem no sótão
Perdidas
Desconectadas
Tentei reorganizar histórias alheias
Silêncio profundo
Dói mais Dói mais quando olho o outro
Tentei cantar o cântico das almas
Tentei expor os meus sentimentos
Casulo. Nulo.
Letícia Andreia
Não importa
Sei que não o verei de novo.
Só palavras tolas foram ditas
E assim foi nossa despedida.
Não adianta, agora, lamentarmos
Não há uma luz no fim do túnel
E vulnerável foi nosso tempo
Que se entregou ao desamor.
Sabemos que não nos veremos novamente
Nem de relance nos encontraremos
E o acaso já não pertence mais a nós.
Não adianta nem querer lembrar
Não adianta nem querer voltar
Pois o tempo não tem volta
E o que foi dito continua vagando no espaço.
Sei que não se lembra mais de mim
Sua memória está repleta de novas histórias
Seu caminho agora é outro
E não mais nos encontraremos.
Nem mesmo que o acaso queira
Pois fugiremos eternamente de nós dois.
E quanto mais caminhos
Mais distantes permaneceremos
Também não há razão para voltar
Não há mais tempo para nós
E sei que não o verei novamente
E tanta coisa ficou sem se dizer
E tantos sonhos ficaram sem ser concretizados
O mundo interrompido pelo seu novo amor.
Sabemos que não nos veremos novamente
E não importa mais a nossa história de amor
Não importa mais nem mesmo se você me amou.
Letícia Andreia
Intervalo
Você poderá ouvir este poema em:
http://www.youtube.com/watch?v=pMe-1QMamTs&feature=plcp
Onde estou agora?
Tão perdida
Tão distante
E essa melodia que
Ecoa no sótão escuro
São tantos tons
Deixados para trás
São tantos sons
Nesse vago silêncio
São tantos ecos
Das vozes não ouvidas
São tantas palavras
- não pronunciadas
- não escritas
- não usadas por nós
: desordenadas, agora,
No sótão escuro
Onde estou agora?
Tão perdida
Tão distante
E você? Onde está?
- que não me ouve.
Não me diga não.
Não desta vez.
Sabemos um do outro.
Sei bem que foge e fujo.
Sei bem que tão triste
É nossa melodia
Que ecoa no sótão escuro.
Sabemos que um dia foi belo
Que um dia era tudo claro
Era tudo sonho e promessa.
Não me diga não.
Não desta vez
Que estou no sótão
... e está tão escuro...
E perdida estou
Sem vendas
Sem luz
Sem sonhos
Sem rumo
( )
Não fuja mais de mim
P R O M E T O !
Não fugirei mais de ti.
Letícia Andreia
http://www.youtube.com/watch?v=pMe-1QMamTs&feature=plcp
Onde estou agora?
Tão perdida
Tão distante
E essa melodia que
Ecoa no sótão escuro
São tantos tons
Deixados para trás
São tantos sons
Nesse vago silêncio
São tantos ecos
Das vozes não ouvidas
São tantas palavras
- não pronunciadas
- não escritas
- não usadas por nós
: desordenadas, agora,
No sótão escuro
Onde estou agora?
Tão perdida
Tão distante
E você? Onde está?
- que não me ouve.
Não me diga não.
Não desta vez.
Sabemos um do outro.
Sei bem que foge e fujo.
Sei bem que tão triste
É nossa melodia
Que ecoa no sótão escuro.
Sabemos que um dia foi belo
Que um dia era tudo claro
Era tudo sonho e promessa.
Não me diga não.
Não desta vez
Que estou no sótão
... e está tão escuro...
E perdida estou
Sem vendas
Sem luz
Sem sonhos
Sem rumo
( )
Não fuja mais de mim
P R O M E T O !
Não fugirei mais de ti.
Letícia Andreia
Instantes
Hoje o sol brilha lá fora
e tudo me parece mais alegre.
E esse azul do céu
Faz-me voltar para meu íntimo:
calmo
tranquilo
esperançoso.
Solto os laços dessa melodia
tão contagiante
- um penhoar reconfortante.
Tento não prender-me
a essa maresia de prazeres.
Ouço seu olhar
numa nuvem que passa.
Sinto harpas tocarem
a melodia de nós dois.
Meu desejo é não estar aqui!
Cerro os olhos
Imagino a onda a banhar meus pés
e lentamente entro na água gelada
Hummmm...
É tudo tão horizontal
Pra lá do mar...
E aqui,
Tudo tão vertical...
Sibilo seu nome para o mar
e a brisa quente o silva
de volta, sílaba por sílaba...
E esse som magnífico
percorre minhas longas melenas
num compasso sem igual.
Que prazer estar lá,
no meio das ondas
junto ao pouco
que o vento me traz de você.
É inaugural esse novo sentido:
Tão perto e tão longe
Tão seco e tão molhado
Deixo-me invadir um pouco mais
E mais...
E mais.....
Taciturno, meu olhar procura o seu
no vazio do horizonte.
O nó da garganta afrouxa calmamente...
A sensação é esplendorosa.
Posso sentir suas mãos
afagarem meu torso
e, mofino, é como fica meu coração
ao abrir os olhos e...
e... cá estou eu
atrás deste balcão de mármore
azulejando meu amor
nas paredes deste coração fatigado
Longe do mar
Longe de você
Longe de todos os sonhos
que sonhei para nós dois
um ar sombrio me invade
e de repente ...
o azul do céu se esvai.
Retomo minha rotina
melancólica da sua ausência.
O vazio ocupa seu lugar em mim.
É aí que está!
É aí que quer ficar.
Até quando?
Letícia Andreia
Os cravos
Brinco eu, cá da infância
Num jardim de cravos roxos
E outros púrpuros...
Tal qual o espírito condiz:
Numa solidão inconstante
Donde qualquer capricho se ausente.
Por trás do craveiro,
Uma sala de estar,
Onde um cravo inebriante
Se põe a tocar...
Imagino eu, cá dos quarenta,
Quais mãos o acariciavam
Em uma melodia tão doce e atenta
Que hoje lembra: um cravo-de-amor
Cravado no peito
Causador de saudade extrema
Algemado está a tal problema
Que inerte se esvai...
Pulsos cerrados
Mãos aos teclados...
Ausente ao cravo no peito dilacerado
À cruz
Ao calvário
Nas mãos e nos pés
De um Jesus crucificado.
E dos cravos na cútis adolescente
Tal folículo sebáceo irrompe
A infância num golpe solene
E cravos dolorosos
Aprofundados no derma –
Na planta dos pés cansados
Do caminho doloroso
Deste coração fatigado.
Interrompem a canção – ferraduras
Ferraduras que no asfalto trotam
Pregadas a cravos no cavalo sereno
Trazem consigo um cavaleiro
De olhar distinto
E nas mãos,
Um embrulho de cravos vermelhos
A demonstrar a paixão, o amor e o respeito
Almejados nos contos de fadas.
E o cravista na sala de estar
Encrava as mãos nos teclados
E os tons afora angustiados
Ecoam do passado ao presente
- os cravos do canteiro
- os cravos vermelhos
Nas mãos do cavaleiro
- os cravos nos pés cansados
- os cravos da adolescência
- os cravos do respeitável ancião
- os cravos nas mãos e nos pés da cruz
- os cravos sob o cavalgar e a ferradura
...
Os cravos de amor, cravados no peito,
Provocam um precoce adeus
Desta vida desiste
E de todos os cravos aqui vividos
Sobra o féretro
Encorpado de cravos
Num descanso tranquilo
Em cravos-de-defunto perfumados.
Letícia Andreia
Primeiras vezes
Há muitas primeiras vezes
Primeira vez do sim
Primeira vez do não
Primeira vez que fica
Primeira vez que vai
E agora
A primeira vez do então
Primeira vez na escola
Primeira vez que cola
Primeira vez que fala
Primeira vez que anda
Sozinho pela estrada
Seguindo na contramão
Primeira vez do beijo
Primeira vez do amor
Primeira vez na cama
Primeira vez que ama
Primeira vez na dor
Por causa do desamor
Primeira vez que casa
Primeira vez que descasa
Primeira vez na dança
Primeira vez no tombo
Primeira vez que voa
Primeira vez que pula
Primeira vez que desce
A montanha na noite escura
Primeira vez da carona
Primeira vez do fogão
Primeira vez que pica
O verde pimentão
Primeira vez que viaja
E abandona a estação
Primeira vez do trem
Primeira vez do além
Primeira vez que pensa
No horizonte do caminho
Primeira vez que ri
E sorri devagarzinho
Primeira vez que bebe
E de ressaca amanhece
Primeira vez que corta
O cabelo já na cintura
Primeira vez que sai
Do casulo da tartaruga
Primeira vez que corre
Contra o tempo de sua idade
Primeira vez que olha
Primeira vez que falta
A voz rouca da garganta
Primeira vez que cruza
O labirinto e nada teme
Primeira vez que finge
Um orgasmo pela metade
Primeira vez que cutuca
O animal com a vara curta
Primeira vez que educa
Um homem de calças curtas
Primeira vez que sonha
Primeira vez que se realiza
Primeira vez no mar
E a primeira tatuagem
Na alma marcada a sangue
Primeira vez inocente
Primeira vez que vota
E a primeira desilusão
Primeira vez que pena
Primeira vez distante
Primeira vez que esquece
Primeira vez de uma primeira vez
De tantas primeiras vezes
Primeira vez que falta
O papel na escrivaninha
E a primeira vez que fica
A poesia inacabada
Letícia Andreia
Olhos cinza
Olhos cinza
De um não sei o quê
Desde que seus olhos
Tocaram os meus
Não sou mais a mesma
Desde que seus olhos
Seus olhos cinza
Cinza não sei por quê
Os meus olhos cruzaram
Não pude mais seguir sozinha
Subindo para as nuvens
Estou viajando em você
Desde que seus olhos
Seus belos olhos cinza
Tocaram meu corpo
Não pude mais ficar só
É como se de repente
Você preenchesse minha solidão
Lamento que seus olhos cinza
Digam-me tantas mentiras
Sim, eu sei,
Eu realmente sei de você
Apenas no seu olhar
Eu posso dizer
Que você me quer
Que seu desejo é intenso
Mas que na verdade
Não é só meu
Ah! Olhos cinza
Ora cinza com cinquenta tons
Ora cinza como o chumbo da tempestade
Ora cinza como a bruma
Que desaparece pela manhã
Mas sei bem que mente
Seus olhos cinza mentem
E você não é só meu
E você alcançou minha alma tão bem
E sou tão sua
E tola por querer sempre assim
Eu não posso continuar
Eu não posso seguir seus passos
Entro num abismo de indecisões
E seus olhos cinza
Me consomem por dentro
Posso desvendar seus segredos
Posso acompanhar seus mistérios
Mas não posso mais viver sem você
Já me esqueci do equilíbrio
E a loucura, agora, me possui
E seus olhos cinza
No castanho dos meus
Fazem a diferença
Entre um dia de sol
Ou chuva
E todos os dias com você
São de sol
Estou bronzeada de amor
E esses olhos cinza
Olhos de um não sei o quê
Sempre mentem
Mas eu sei
Ah! Pode crer! Eu sei.
Letícia Andreia
Tocata
O poeta traça
Linhas tortuosas
Na tábula rasa
Mal sabe a voracidade
De seu trabalho
Não há hora
Não há tempo
Não há lamúria
Nem cobranças...
Nem tudo o que se
Diz é ouro
Nem tudo o que se
Lê é prata
De nada valerá
O roçar da pena no papel
Senão as nugacidades
Do dia-a-dia
E entra assim,
Num mundo sem limites,
Um poeta sem vertical
Horizontal em sua arte
E curvilíneo em suas palavras
Dobra-se o sino
Num rompante em badaladas
E o poeta inerte
Em seus delírios
Na “arte de rasgar a noite”
Adentrando as madrugadas
Sem dó
Nem ré
Nem lá
Apenas um transeunte
Da vida afora
Transformando seus sonhos
Seu mundo
Num labirinto palavroso.
Letícia Andreia
Última hora
Dispenso o testamento
Por ausência de bens.
Basta-me a nuncupação
Em meu leito de morte
Seja ela onde e quando for
E não importam as testemunhas
Sendo que qualquer boca
Levaria, afoita, de boca em boca
Meus aforismos de uma breve vida
E morte prematura.
Nos bastidores presentes
Pespontarei palavras
Avulsas e sem nexo
Como um pobre cão
Que não tem coleira
Mas paga impostos
E muitos
E juros
Não ornarei o soneto
Nem rechearei de lero-lero
Nem saquearei do esturjão
O necessário para o caviar
A ser servido no velório
Pois caras e bocas
Lá, presentes, estarão,
Que em vida, nem um “ai”
Trocaram a mim.
Do que a morte mais garrida
Nesse momento será bem-vinda.
Dispensarei, também,
A laudatória da madrugada
E da hora sóbria
De cerrar o féretro
Pois já não poderei
Auferir benefício algum
Ou qualquer
Ou nenhum
De toda a verborragia póstuma.
Um canto lírico será proferido
Ao findar os últimos minutos
- pode ser “My Way”
E que alguém recite este ou
O “Poema da Minha Hora”
E com lírios hei de ir
E bem vestida para a noite
Pois a noite atravessarei
E passarei a maior noitada
Sem rumo e onde não sei ir
E estarei pronta
Para a hipertrofia dos vermes
Pós-sepultamento
Em clausura com a terra
E vagabundeando seguirei
Num Zepelim de almas
Até o Zodíaco de Touro.
Letícia Andreia
Só
Ando só
E tão só
Nos meus pensamentos sombrios
Ando só
E tão só
Tão somente eu e o vazio
Ando só
E sem você
Nada completa o meu ser
Claramente, hoje vejo
Quanto tempo dedicado a você
E a alegria de viver
Agora tem outro sentido
Ando só
E tão só
E pelas ruas seguindo
Sua história feliz
Nada mais tão bonito
Ando só
E sem você
Nos meus sonhos tardios
E essa gente me vê
Insiste em me querer
Mas a dor que me invade
É a ausência de você
Ando só
E tão só
Tão somente a esperar
Ter de novo seu olhar
E seu colo tocar
Ando só
E tão só
Tão somente eu e o vazio
Nesta sombra em que vivo
Ando só, meu amigo.
Ando só
E tão só
Tão somente vazio.
Letícia Andreia
Acorde
Ei, acorde!
Não prenda a respiração
Volte!
Volte logo!
Ainda não é o fim.
Não se deixe entregar num rompante.
Acorde logo!
Quanto mais tempo inerte
Menos vida em seu sangue.
Esteja de pé
Sempre de pé e olhar erguido.
Encare tudo com garra
Não tema o precipício
Não se deixe levar
Encare, encare o céu
E viva, não durma.
Não se separe de você.
Ainda encontrará o seu número.
Ei, acorde!
Esse pesadelo irá acabar.
Mesmo que distante pareça
Mesmo que o pesadelo não tenha fim
Mesmo que lágrimas insistam em rolar
Mesmo que desanime
E mesmo que desamparado sinta
Acorde!
Veja quão belo está o dia
Saia, passeie, divirta-se
Isso parece sem propósito?
Não! Ainda não é o fim.
Encare o céu
Há de se encontrar na imensidão do azul.
Ei, acorde!
Mais vida.
Mais sorriso.
Mais coragem.
E se o mundo insistir em desmoronar
Acorde.
Não tema o precipício.
A história só está começando.
Ainda há muito chão pra rodar.
Acorde!
E volte para si.
Volte para continuar e ser feliz.
Letícia Andreia
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Polidez
Discutivelmente superficial.
É nada.
É formal.
É virtude de etiqueta.
É virtude de aparato.
É ambígua:
esconde-se nela
o melhor e o pior.
Qualidade formal
necessária aos homens.
Não diga isso.
Não faça aquilo.
Não também ao acolá.
É feio.
É sujo.
É inadequado.
Resume-se à coleira humana.
Os cães não necessitam da polidez.
Os homens sim!
Pode parecer crime se não o for.
O homem que não é
encontra-se insensato e...
logo...
sozinho.
Agora entendo porque o cão
é o melhor amigo do homem.
Encontro em meus cães
tal comportamento polido.
Vejo, logo, que o cão é o espelho.
Espelho de seu dono.
É o não.
E o não.
E aqui não.
Aprende-se fácil.
Depois,
difícil é não sê-lo.
Letícia Andreia
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Mais uma onda
Onda que anda e ronda
Onda que bate e vem
E vai e vem
Onda que tira onda
De onde a onda vem
Onda que me ronda
E anda rondando bem
Onda que de sete em sete
Eu conto a fartura que tem
Um dia falei da onda
Mas já não me lembro bem
Li hoje uma outra onda
E na pena outra onda vem.
Letícia Andreia
Onda que bate e vem
E vai e vem
Onda que tira onda
De onde a onda vem
Onda que me ronda
E anda rondando bem
Onda que de sete em sete
Eu conto a fartura que tem
Um dia falei da onda
Mas já não me lembro bem
Li hoje uma outra onda
E na pena outra onda vem.
Letícia Andreia
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Tentativas
Tentei escrever poemas profundos
Para pessoas profundas
De nada adiantou o não ser
O ser me corrompe a nada
E quanto mais leio poemas do mundo
Mais sórdida é minha poesia
Tentei escrever para quem lê
Algo que ainda não tinha sido lido
De nada adiantou os dedos em vão no teclado
A alma de poeta está incompleta
Vazia
( )
E as palavras permanecem banais
Com um despropósito qualquer
Tentei reorganizar antigas palavras
Para desgastá-las num sentido completo
Que missão dolorosa essa minha
O vazio dói quando toma conta a passagem do tempo.
Tentei escrever poemas descompromissados
Poemas chulos
Poemas de ais
Poemas de amor
Para pessoas do mundo
De nada adiantou tanto ser
A alma de poeta continua incompleta
Vazia
( )
E as palavras permanecem no sótão
Perdidas
Desconectadas
Tentei reorganizar histórias alheias
Silêncio profundo
Dói mais Dói mais quando olho o outro
Tentei cantar o cântico das almas
Tentei expor os meus sentimentos
Casulo. Nulo.
Letícia Andreia
Para pessoas profundas
De nada adiantou o não ser
O ser me corrompe a nada
E quanto mais leio poemas do mundo
Mais sórdida é minha poesia
Tentei escrever para quem lê
Algo que ainda não tinha sido lido
De nada adiantou os dedos em vão no teclado
A alma de poeta está incompleta
Vazia
( )
E as palavras permanecem banais
Com um despropósito qualquer
Tentei reorganizar antigas palavras
Para desgastá-las num sentido completo
Que missão dolorosa essa minha
O vazio dói quando toma conta a passagem do tempo.
Tentei escrever poemas descompromissados
Poemas chulos
Poemas de ais
Poemas de amor
Para pessoas do mundo
De nada adiantou tanto ser
A alma de poeta continua incompleta
Vazia
( )
E as palavras permanecem no sótão
Perdidas
Desconectadas
Tentei reorganizar histórias alheias
Silêncio profundo
Dói mais Dói mais quando olho o outro
Tentei cantar o cântico das almas
Tentei expor os meus sentimentos
Casulo. Nulo.
Letícia Andreia
Era...
E era a vida arcada de mimos
E era o estudo com seus compromissos
E era o amor em seu princípio
E era a ilusão montada a cavalo
E era a desilusão a chegar sorrateira
E era o momento o mais importante
E era o ser o ter que ser
E era o amanhã que chegava depressa
E era o silêncio que valia ouro
E era o jogo no fim da vida
E era a vida necessitada
E era a crise já não temida
E era o lar tão improvisado
E era o filho que nunca chegava
E era o blefe nas contas da vida
E era o ano que sempre virava
E era a água que não acabava
E era a casa desarrumada
E era o silêncio tão necessário
E era um a mais já falecido
E era um túmulo a ser visitado
E era a saudade amarrada no peito
E era uma história pra plantar na memória.
Letícia Andreia
,
E era o estudo com seus compromissos
E era o amor em seu princípio
E era a ilusão montada a cavalo
E era a desilusão a chegar sorrateira
E era o momento o mais importante
E era o ser o ter que ser
E era o amanhã que chegava depressa
E era o silêncio que valia ouro
E era o jogo no fim da vida
E era a vida necessitada
E era a crise já não temida
E era o lar tão improvisado
E era o filho que nunca chegava
E era o blefe nas contas da vida
E era o ano que sempre virava
E era a água que não acabava
E era a casa desarrumada
E era o silêncio tão necessário
E era um a mais já falecido
E era um túmulo a ser visitado
E era a saudade amarrada no peito
E era uma história pra plantar na memória.
Letícia Andreia
,
Bagagem desnecessária para a morte:
Inveja
Casa
Carro
Sítio
Ilusão
Avareza
Dinheiro
Ira
Inimigos
Trabalho
Medo
Luxúria
Roupas
Estudos
Nome
E sobrenome
Preguiça
Telefone
E solidão
Passaporte
Internet
Soberba
Poder
Gula
Doces
Bebidas
Massas
Carnes
Dietas
E silêncio.
Letícia Andreia
Casa
Carro
Sítio
Ilusão
Avareza
Dinheiro
Ira
Inimigos
Trabalho
Medo
Luxúria
Roupas
Estudos
Nome
E sobrenome
Preguiça
Telefone
E solidão
Passaporte
Internet
Soberba
Poder
Gula
Doces
Bebidas
Massas
Carnes
Dietas
E silêncio.
Letícia Andreia
Papelão
Das brincadeiras de criança
Se faz aquela mulher
Nua dos preconceitos
Carrega seu carro
Carregado de papelão
E ora
E roga
E chora
E ri
E faz a hora gotejar
Seus dia úteis
Inúteis
Pela cidade afora
Das brincadeiras de criança
Abandonada no jardim
Jaz em ti
No teu túmulo
Transeunte ou vagante?
Os sonhos de uma bela mulher
Que roga
Que ora
Que chora
Que ri
Que faz e desfaz
Os sonhos de criança
Moça-mulher
Agora és
Apenas o túmulo
De teus sonhos
Sonhos de qualquer um.
Letícia Andreia
Se faz aquela mulher
Nua dos preconceitos
Carrega seu carro
Carregado de papelão
E ora
E roga
E chora
E ri
E faz a hora gotejar
Seus dia úteis
Inúteis
Pela cidade afora
Das brincadeiras de criança
Abandonada no jardim
Jaz em ti
No teu túmulo
Transeunte ou vagante?
Os sonhos de uma bela mulher
Que roga
Que ora
Que chora
Que ri
Que faz e desfaz
Os sonhos de criança
Moça-mulher
Agora és
Apenas o túmulo
De teus sonhos
Sonhos de qualquer um.
Letícia Andreia
Futeboléxico
Brigamiopia
Bebidagressividade
Ilusiotopia
Insultoterapia
Inimigosofia
Perdadetempismo
Decepcionismo
Contagiofutebolismo
Letícia Andeia
Bebidagressividade
Ilusiotopia
Insultoterapia
Inimigosofia
Perdadetempismo
Decepcionismo
Contagiofutebolismo
Letícia Andeia
Natureza
A natureza parece negligente
Ela insiste em continuar vivendo
Por maior que seja o esforço
Do homem em destruí-la.
Ouço uma serra elétrica compondo o nada
Trabalha incansavelmente na alegria de derrubar
Os pássaros perdem suas moradias
E vagueiam sobre os homens.
Os troncos já não dizem mais o que estão fazendo
- não dão conta.
Mas ainda sabemos o que estamos
Fazendo com a natureza.
Quem vai recitar o amanhecer para mim
Depois que a festa acabar?
Letícia Andreia
Ela insiste em continuar vivendo
Por maior que seja o esforço
Do homem em destruí-la.
Ouço uma serra elétrica compondo o nada
Trabalha incansavelmente na alegria de derrubar
Os pássaros perdem suas moradias
E vagueiam sobre os homens.
Os troncos já não dizem mais o que estão fazendo
- não dão conta.
Mas ainda sabemos o que estamos
Fazendo com a natureza.
Quem vai recitar o amanhecer para mim
Depois que a festa acabar?
Letícia Andreia
Qual o preço?
O som dos pássaros pela manhã,
Não tem preço.
O som da chuva sem tragédia,
Não tem preço.
O calor do sol sem exagero,
Não tem preço.
A brisa leve sem poluição,
Não tem preço.
A natureza em cápsulas
Que encontramos nas farmácias
Para cura de muitos males
Do corpo e da alma...
Não tem preço.
O sorriso de um transeunte descompromissado,
Não tem preço.
O choro de uma criança ao nascer,
Não tem preço.
O brilho no olhar de um amante,
Não tem preço.
Não tem preço a vida que se leva
E o que se leva da vida é nada ao partir.
Letícia Andreia
Não tem preço.
O som da chuva sem tragédia,
Não tem preço.
O calor do sol sem exagero,
Não tem preço.
A brisa leve sem poluição,
Não tem preço.
A natureza em cápsulas
Que encontramos nas farmácias
Para cura de muitos males
Do corpo e da alma...
Não tem preço.
O sorriso de um transeunte descompromissado,
Não tem preço.
O choro de uma criança ao nascer,
Não tem preço.
O brilho no olhar de um amante,
Não tem preço.
Não tem preço a vida que se leva
E o que se leva da vida é nada ao partir.
Letícia Andreia
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Cegueira
Seu Tonico estava cabisbaixo hoje
Disse que o olhar do cego estava mais triste
Não conseguiu vencer a morte no seu fio de sono
A dor se ser semente e exemplo doía mais que os outros dias
Do coito com a cegueira nasceu uma felicidade intocável
de ver o mundo com outros olhos - os olhos da alma -
E isso Seu Tonico não entendia ( ou não queria saber)
Do alto da sua perfeição Seu Tonico não compreendia
A complexidade daquele mundo tão simples - tão puro
Atou-se ao rosário de piedade e dedicou uma toada melancólica
Ele jamais entenderá que não só de olhares vive um homem
Mas de muitas palavras - mesmo que não ditas
Perguntei-me: - De quem afinal seria a cegueira?
Letícia Andreia
Disse que o olhar do cego estava mais triste
Não conseguiu vencer a morte no seu fio de sono
A dor se ser semente e exemplo doía mais que os outros dias
Do coito com a cegueira nasceu uma felicidade intocável
de ver o mundo com outros olhos - os olhos da alma -
E isso Seu Tonico não entendia ( ou não queria saber)
Do alto da sua perfeição Seu Tonico não compreendia
A complexidade daquele mundo tão simples - tão puro
Atou-se ao rosário de piedade e dedicou uma toada melancólica
Ele jamais entenderá que não só de olhares vive um homem
Mas de muitas palavras - mesmo que não ditas
Perguntei-me: - De quem afinal seria a cegueira?
Letícia Andreia
domingo, 25 de setembro de 2011
Brasil
Um Brasil brasileiro
Que encanta a todo estrangeiro
Que da terra saboreia tudo o que dá.
Um Brasil bem brasileiro
Com origens mil e povo hospitaleiro.
Um Brasil de aves raras e silvestres.
Exótico é o meu Brasil
Encanto e berço multicor
De regiões fartas de forte cultura
E comidas de muito sabor.
O Brasil que gosto me dá:
Frutas do Norte
Açaí, abricó, araçá,
Bacaba, bacuri, biribá,
Fruta-pão, carambola, cajá,
Graviola e ingá.
Jambo, jenipapo, mangaba,
Pinha, sapoti, pitomba e piquiá.
Tamarindo, tucumã e uxi.
Do Sul o churrasco saboroso
Ganha em todo o Brasil.
Das matas de araucárias
A imbuia, a erva-mate e
O pinheiro-do-paraná.
Alemães, italianos, poloneses e ucranianos
Região mais forte que esta
No Brasil não há.
Região Sudeste:
Orgulho-me de ser de cá.
Pão de queijo – leite – café
Pro lanche das cinco melhor não dá.
No Rio de Janeiro nossas praias e mares
Cartão postal do Brasil.
No interior, os mares de montanhas
Das nossas Minas Gerais –
Terra do ouro e povo desconfiado.
Em Sampa as melhores indústrias
E muito trabalho.
Na Região Centro-Oeste
Mesa farta em pesca.
As cores, a fauna e a flora do Pantanal
Não há nada igual.
Carnes saborosas:
Catítu, cobra e porco do mato,
Capivara, paca e veado.
Terra de danças, violeiros e viola.
Do Nordeste gosto bem
Muito coco, samba de roda, baião,
Forró, xote e chachado.
Literatura de cordel lá é forte
E os artistas de lá
No Brasil têm muita sorte.
Chapada Diamantina e do Araripe
Grande sertão e seca também há lá.
Brasil
Bem Brasil brasileiro
Venha também estrangeiro
Saborear tudo que nossa terra dá.
Letícia Andreia
Que encanta a todo estrangeiro
Que da terra saboreia tudo o que dá.
Um Brasil bem brasileiro
Com origens mil e povo hospitaleiro.
Um Brasil de aves raras e silvestres.
Exótico é o meu Brasil
Encanto e berço multicor
De regiões fartas de forte cultura
E comidas de muito sabor.
O Brasil que gosto me dá:
Frutas do Norte
Açaí, abricó, araçá,
Bacaba, bacuri, biribá,
Fruta-pão, carambola, cajá,
Graviola e ingá.
Jambo, jenipapo, mangaba,
Pinha, sapoti, pitomba e piquiá.
Tamarindo, tucumã e uxi.
Do Sul o churrasco saboroso
Ganha em todo o Brasil.
Das matas de araucárias
A imbuia, a erva-mate e
O pinheiro-do-paraná.
Alemães, italianos, poloneses e ucranianos
Região mais forte que esta
No Brasil não há.
Região Sudeste:
Orgulho-me de ser de cá.
Pão de queijo – leite – café
Pro lanche das cinco melhor não dá.
No Rio de Janeiro nossas praias e mares
Cartão postal do Brasil.
No interior, os mares de montanhas
Das nossas Minas Gerais –
Terra do ouro e povo desconfiado.
Em Sampa as melhores indústrias
E muito trabalho.
Na Região Centro-Oeste
Mesa farta em pesca.
As cores, a fauna e a flora do Pantanal
Não há nada igual.
Carnes saborosas:
Catítu, cobra e porco do mato,
Capivara, paca e veado.
Terra de danças, violeiros e viola.
Do Nordeste gosto bem
Muito coco, samba de roda, baião,
Forró, xote e chachado.
Literatura de cordel lá é forte
E os artistas de lá
No Brasil têm muita sorte.
Chapada Diamantina e do Araripe
Grande sertão e seca também há lá.
Brasil
Bem Brasil brasileiro
Venha também estrangeiro
Saborear tudo que nossa terra dá.
Letícia Andreia
Solidão
A solidão me consome aos poucos
Já não tenho assunto para os outros
Estou vazia das mesmices
A poesia dominou-me
E meus lábios não se movem
As palavras estão gastas – desbotadas.
Rasgadas pelo uso incontínuo do lirismo
Tudo isso parece tão igual
Desfaço meus versos para repensá-los
Nada obtenho – escassez do pensamento poético
E a solidão me consome
A cada dia mais só
Mais pó
Mais eu.
Letícia Andreia
Já não tenho assunto para os outros
Estou vazia das mesmices
A poesia dominou-me
E meus lábios não se movem
As palavras estão gastas – desbotadas.
Rasgadas pelo uso incontínuo do lirismo
Tudo isso parece tão igual
Desfaço meus versos para repensá-los
Nada obtenho – escassez do pensamento poético
E a solidão me consome
A cada dia mais só
Mais pó
Mais eu.
Letícia Andreia
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Rotina das férias
Verticalizei as sete e quarenta e cinco
Nem mais
Nem menos
Exatos.
Impressionante!
A poesia dos pássaros
Entoava o canto melancólico...
O sol ainda não saíra.
E eu... Já de pé
A trocar as fraldas da casa.
O sol espreguiçava seus raios
Pelos vazios das nuvens chumbo.
O anjo entregava-se ao sono profundo
No leito de amor.
E nem mesmo o tilintar do martelo
Na construção vizinha
O fazia desintoxicar-se do ébrio sono.
A primeira fralda a ser trocada
Foi a do canil.
As cadelas corriam para o portão
A dar seu bom dia à rua.
Os homens caminhavam automaticamente
Para suas rotinas...
E eu, agonizava poesia
Entre um balde de água e outro
Pelo lápis e retalho de papel.
Os pardais insistiam em dar
Bom dia ao preguiçoso sol.
As cadelas mal se importavam
Com o mundo cão que lavrava lá fora.
E brincavam...
E enamoravam a rua...
E sentiam-se imensamente felizes.
Um galo atrasado canta.
As aves realmente se importam
E imploram pelos raios de sol.
Duas horas mais tarde...
Fraldas da casa trocadas
Cadelas limpas
E alimentadas.
É hora do almoço.
Desenho o cheiro da comida mineira
E toco em frente a rotina das férias.
Letícia Andreia
Nem mais
Nem menos
Exatos.
Impressionante!
A poesia dos pássaros
Entoava o canto melancólico...
O sol ainda não saíra.
E eu... Já de pé
A trocar as fraldas da casa.
O sol espreguiçava seus raios
Pelos vazios das nuvens chumbo.
O anjo entregava-se ao sono profundo
No leito de amor.
E nem mesmo o tilintar do martelo
Na construção vizinha
O fazia desintoxicar-se do ébrio sono.
A primeira fralda a ser trocada
Foi a do canil.
As cadelas corriam para o portão
A dar seu bom dia à rua.
Os homens caminhavam automaticamente
Para suas rotinas...
E eu, agonizava poesia
Entre um balde de água e outro
Pelo lápis e retalho de papel.
Os pardais insistiam em dar
Bom dia ao preguiçoso sol.
As cadelas mal se importavam
Com o mundo cão que lavrava lá fora.
E brincavam...
E enamoravam a rua...
E sentiam-se imensamente felizes.
Um galo atrasado canta.
As aves realmente se importam
E imploram pelos raios de sol.
Duas horas mais tarde...
Fraldas da casa trocadas
Cadelas limpas
E alimentadas.
É hora do almoço.
Desenho o cheiro da comida mineira
E toco em frente a rotina das férias.
Letícia Andreia
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
.
Meus olhos
nos teus olhos
encontram:
a sabedoria
o amigo
o amante.
Meus braços
nos teus abraços
encerram:
o desejo
o carinho
o apego.
Meu mundo
no teu mundo
entrelaça:
a maturidade
a juventude
a união.
Letícia Andreia
nos teus olhos
encontram:
a sabedoria
o amigo
o amante.
Meus braços
nos teus abraços
encerram:
o desejo
o carinho
o apego.
Meu mundo
no teu mundo
entrelaça:
a maturidade
a juventude
a união.
Letícia Andreia
Poucas palavras
O guardador de águas
surpreendeu-me sentada à beira do rio.
Indagou à margem
qual era a minha sina.
O silêncio cristalizou o segundo.
Compreendeu, então,
a dor da solidão.
Letícia Andreia
surpreendeu-me sentada à beira do rio.
Indagou à margem
qual era a minha sina.
O silêncio cristalizou o segundo.
Compreendeu, então,
a dor da solidão.
Letícia Andreia
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Lembrança
Lembrança é madrasta comigo
Carrega mato de memória adentro
Criança não deseja entrar
Memória deu empurrão
Pro eu perder na mata do passado
Presente ficou perdido
Sem chão para pisar
Não gosto de lembranças
Elas são atrevidas comigo
Entram sem avisar
Bagunçam a casa
E, depois...
Depois?
Começa tudo outra vez.
Letícia Andreia
Carrega mato de memória adentro
Criança não deseja entrar
Memória deu empurrão
Pro eu perder na mata do passado
Presente ficou perdido
Sem chão para pisar
Não gosto de lembranças
Elas são atrevidas comigo
Entram sem avisar
Bagunçam a casa
E, depois...
Depois?
Começa tudo outra vez.
Letícia Andreia
Incontinência poética
Incontinência poética.
- disse isso ao acaso.
Doutor, esse poeta sofre
De uma grave incontinência poética.
Sua mente febril delira
E a necessidade de liberar poesia
Emana pelos poros da caneta
E suja o papel
- que não reclama.
- É grave – diz o doutor – Não há
O que fazer senão deixá-lo escrever
Escrever escrever escrever
Sua incurável incontinência poética.
Letícia Andreia
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Murmúrio
Ouça o murmúrio surdo
De um coração calado.
É valente!
Quem não o é
Quando fala o coração.
Um covarde desertou
Seu coração para verme.
Que pena!
Um covarde a mais na vida frustrada.
Um guerreiro amordaçou seus ouvidos
Para que não ouvisse a voz da razão.
Esse é feliz!
Letícia Andreia
Crepúsculo
Espero ardentemente o crepúsculo
Da minha vida.
Foi uma vida inteira que não tive,
Um vasto campo a ganhar,
Mas as horas, traiçoeiras,
Faltaram-me no momento “H”.
Agora? O que me resta?
Lembranças...
Nostalgias...
Tudo apagado.
Até mesmo o afago ficou no sótão
-quieto, apagado sem me encontrar.
De onde venho?
Onde estou?
O que me resta?
Para onde vou?
Fluir levemente qual bruma no lago?
Oh!, não, não faça de minha alma
Um mundo tão vasto
Que não se pode alcançar.
Quero viver.
Deixe-me viver.
Oh! Vírus, ingrato, fúnebre
Que enlouquece a humanidade.
Rastreio o sótão e... nada.
Nada encontro,
Nada consigo.
Só o sopro de minha ardente alma
Num grito brando de desafio.
Oh! Vida, onde andarás?
Depois da morte.
Não!
“O show deve continuar!”
Letícia Andreia
Equipe
admiro o trabalho em equipe
por isso admiro as formigas
fico na janela da cozinha
observando como elas se equilibram
no fio do poste
atravessam de uma árvore para outra por ele
costumam andar em grupo e,
quando uma vai e outro grupo vem,
tiram a sorte no par ou ímpar
quem passa por cima e quem passa por baixo do fio
as três passaram por baixo
e aquela - solitária - continuou
é assim a todo momento
o dia inteiro
formiga vai...
...formigas vêm
dizem que fazem morada no oco das árvores
fiquei pensando naquelas que cuidam do lar.
coitadas.
por isso admiro as formigas
fico na janela da cozinha
observando como elas se equilibram
no fio do poste
atravessam de uma árvore para outra por ele
costumam andar em grupo e,
quando uma vai e outro grupo vem,
tiram a sorte no par ou ímpar
quem passa por cima e quem passa por baixo do fio
as três passaram por baixo
e aquela - solitária - continuou
é assim a todo momento
o dia inteiro
formiga vai...
...formigas vêm
dizem que fazem morada no oco das árvores
fiquei pensando naquelas que cuidam do lar.
coitadas.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Ainda não terminado:
Toc Toc Toc...
Peço permissão para parafrasear...
esse amor incorrigível
tão assim, romântico,
perdido nas ilusões ...
é o fogo ardido que não vemos
é a chaga aberta a nos martirizar
é a dor contente em amar sem ser
é a migalha do pão
ou o toque da mão
um sorriso meio torto, que seja,
mas é o amor...mesmo incorrigível...
e ainda que eu desenrolasse essa língua
e os nós desse amor eu desatasse
ah..eu nada entenderia
mesmo que bíblico
mesmo que poético
mesmo que amor...
é o amor: "fogo que arde sem se ver"...
mais contrario a si, amor,
é o coração que o sente.
Letícia Andreia
Toc Toc Toc...
Peço permissão para parafrasear...
esse amor incorrigível
tão assim, romântico,
perdido nas ilusões ...
é o fogo ardido que não vemos
é a chaga aberta a nos martirizar
é a dor contente em amar sem ser
é a migalha do pão
ou o toque da mão
um sorriso meio torto, que seja,
mas é o amor...mesmo incorrigível...
e ainda que eu desenrolasse essa língua
e os nós desse amor eu desatasse
ah..eu nada entenderia
mesmo que bíblico
mesmo que poético
mesmo que amor...
é o amor: "fogo que arde sem se ver"...
mais contrario a si, amor,
é o coração que o sente.
Letícia Andreia
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