quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Primeiras vezes




Há muitas primeiras vezes

Primeira vez do sim

Primeira vez do não

Primeira vez que fica

Primeira vez que vai

E agora

A primeira vez do então



Primeira vez na escola

Primeira vez que cola

Primeira vez que fala

Primeira vez que anda

Sozinho pela estrada

Seguindo na contramão



Primeira vez do beijo

Primeira vez do amor

Primeira vez na cama

Primeira vez que ama

Primeira vez na dor

Por causa do desamor



Primeira vez que casa

Primeira vez que descasa

Primeira vez na dança

Primeira vez no tombo

Primeira vez que voa

Primeira vez que pula

Primeira vez que desce

A montanha na noite escura



Primeira vez da carona

Primeira vez do fogão

Primeira vez que pica

O verde pimentão

Primeira vez que viaja

E abandona a estação

Primeira vez do trem

Primeira vez do além

Primeira vez que pensa

No horizonte do caminho



Primeira vez que ri

E sorri devagarzinho

Primeira vez que bebe

E de ressaca amanhece

Primeira vez que corta

O cabelo já na cintura

Primeira vez que sai

Do casulo da tartaruga

Primeira vez que corre

Contra o tempo de sua idade



Primeira vez que olha

Primeira vez que falta

A voz rouca da garganta

Primeira vez que cruza

O labirinto e nada teme

Primeira vez que finge

Um orgasmo pela metade

Primeira vez que cutuca

O animal com a vara curta

Primeira vez que educa

Um homem de calças curtas



Primeira vez que sonha

Primeira vez que se realiza

Primeira vez no mar

E a primeira tatuagem

Na alma marcada a sangue

Primeira vez inocente

Primeira vez que vota

E a primeira desilusão

Primeira vez que pena

Primeira vez distante

Primeira vez que esquece

Primeira vez de uma primeira vez

De tantas primeiras vezes



Primeira vez que falta

O papel na escrivaninha

E a primeira vez que fica

A poesia inacabada







Letícia Andreia

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