segunda-feira, 27 de julho de 2009



Quando nasci
Um psico-anjo
- metido a experto –
Analisou:

_ Mulher,
Vai e toma tua sina
Teu nome será alegria
E de todas as alegrias
Carregará no peito
O fardo de ser gauche
Também.

A vida passa efêmera
E meus olhos vêem
Da janela desse andar tardio
A sombra dos homens fracos.

O dia corre com suas horas
- cheias de pressa.
E no tumulto do faz
- não faz...
A vida ainda fica sem viver.
Não sou tão independente
Que não possa me casar...
Mas a sociedade ainda traz
As nódoas do machismo
- fracassado em sua própria virilidade.

Não aceito todos os subterfúgios
Que me cabem...
E ora sim
Ora não

Revelo-me num poema eterno.
Ainda acho o interior
Um lugar romântico pra se viver.
Contrario minha essência de ser tão prática.

Dor realmente não é amargura
E cada ser decide que não.
Ser errado não é maldição só para racionais.
Os irracionais também erram.
Assim como os tolos
Que não acreditam no perdão.


Letícia Andreia


Sou eterno e único no mundo.
Minha solidão é companheira incansável.
Passei por vidas e vidas a fio.
Amei pessoas e pessoas se foram.
E eu estou eterno.
Atravesso os séculos como uma lança.
Sem lhe ferir,
Sem me acabar,
Sem morrer.
Sou eterno
E meus sentimentos se cansam da solidão.
Já perdi a conta das vidas que vivi.
Já não sei quantas vidas ainda viverei.
Já não sei se verei aqueles que amo partirem.
Quem quer viver para sempre?
Deseja amar para sempre?
Odiar para sempre?
O sempre também acaba.?!
Sou eterno e único no mundo.
Letícia Andreia

Faltou luz...
Dessa penumbra exalam os raios do não ser.
Tocante sombra
Enleva o mais árduo ser nostálgico
Sinistro verme
Que ronda almas serenas
Almas amenas
Almas de menos.
Faltou luz
Sobrou sombra
A nitidez dos olhares esguios procurando
Os vultos do nada.
Mórbido som dos sinos
Que ecoam vorazmente no tímpano doente.
Faltou luz
E não carecia
Que o dia raiasse.


Letícia Andreia

Esperando a dignidade de criança
Mira os horizontes do futuro
Adulto??
Sóbrios momentos entre
O ser e o não ser
O querer
O fazer
A fome está.
Loucos pormenores do hoje
O amanhã espera.
Talvez!
Espera...
Esperando...
Esperanto.
Não mais.
Atuais sorrisos de criança.


Letícia Andreia


Minha alma está de pé quebrado
E não encontra gesso para consertar
Nos dias melancólicos
Minha alma entoa um canto triste
Chora e procura a cura
Há dias que o passado morde mais
E minha alma, de pé quebrado,
Não pode correr
Escondo-me nas alegrias
No sorriso de todo instante
No “Bom dia!”
Escondo-me nos casos corriqueiros
Nas fofocas
Nas peraltices
Nas meninices
E nas tolices mal ditas de brincadeira
Minha alma de pé quebrado
Tem medo do passado
Se encanta com o pássaro azul
Na janela do sótão
Minha alma de um pé quebrado
Tem medo de quebrar o outro pé
E se enraizar como árvore.


Letícia Andreia



Às velas dessa nau errante
O estupor falecimento
A vil memória dilacera o céu
A luz desfaz-se solta – em bruma
Ampla nave Terra
Presença maior de vida não há
Eis que a tenra esfera
És fome
És sede
És luz
Contentamento!
Justo eunuco a deletar intrigas
Rastros malfeitos encerram
Ao zelo
Ao alheio
Transgridem a lei plena
A justiça
O justo – oculto – se entrega
Às penas dores da vida
Inflarei as velas da minha nau
No estupor do meu falecimento
E a vil memória que dilacera o céu
Na augusta luz se desfaz
Solta
E bruma
Na ampla nave Terra
Presença maior não há
Vivendo bem na tenra esfera
És fome
És sede
És luz
E contentamento
Eunuco – vivo -
A deletar intrigas malfeitas
Sob o zelo alheio e oculto
Transgridem a lei plena da justiça.


Letícia Andreia


A bomba
O bum
O bomba
O bum da bomba
O homem bomba
O bom dá bum
O bum da bomba = bonança!
O homem bomba = travessia!
A bomba da vida = orgia!
O homem bomba
Ou a bomba no homem?
Bomba homem bom bum da bomba
A bomba


Letícia Andreia

Aquilo era tudo o que poderia ser
Nem mais
Nem menos
Nem pró
Nem contra
A todos conquistava
E aquilo seguia a vida...
A labuta do dia-a-dia,
Aquilo vencia

Aos medrosos
Aquilo encorajava
Aos corajosos
Aquilo acalmava
E de tudo aquilo
Aquilo era o melhor

Melhor nos sonhos
Melhor nas sombras
Melhor nas luzes
E aquilo andava
Na corda bamba da vida
E aquilo se equilibrava
Atento a tudo e todos
Aquilo caminhava
Forte
Seco
Ávido
Sagaz
E nada
Ou ninguém
Segurava aquilo

Porque aquilo
Era tudo
E para todos o que poderia ser.


Letícia Andreia


Venho nesse canto de fé
Saudar meu povo
Que aqui se criou
Ciranda de roda
Ciranda em canto
Que a mim encantou
Venho de longe
Com lembranças daqui
Pois na ciranda
Meu passado me criou
Venho de perto
Coração aberto
Cantar a ciranda
Que aqui começou
Sou cirandeiro
Cirandeiro eu sou
Meu canto guerreiro é bravo
É forte
Não conta com a sorte
Nem teme a morte
Eu canto a raiz
Nesta ciranda contente
Não há voz temente
Nem grito de dor
Sou da ciranda
Cirandeiro eu sou
Sou porta estandarte
De uma raça forte
Eu canto a raiz
Cirandeiro sou
Meu grito guerreiro
Voa ligeiro
E abre a ciranda
Sou cirandeiro
Cirandeiro eu sou.
Letícia Andreia

Testamento II

Deixo metade do que sou
Para a fraternidade dos coitados!
A outra metade...
Deixo para o infeliz que herdar meu gene.

Deixo meu auto para aquele que necessita caminhar.

Deixo minha coleção de livros
(nada!)
Para os que não querem ler.

Deixo o relato do que gastei
Para o outro em meu lugar.

Ah!
Tem a conta na Suíça...
Essa... Pensarei quando voltar da morte.

No mais...
Os meus demais bens não materiais
Deixo para qualquer homem,
Afinal,
Somos todos iguais.
Letícia Andreia


És tudo no nada
Ausente ao teu próprio presente.
Sombrios desejos teus
Ocultam o melhor em ti.
Sombrio silêncio...
Tua ausência
Tua ironia
Tua melancólica lembrança
Do que poderia ter sido...
E não é!
És tudo no nada
No vácuo
No acaso.
(...)
Acaso pensaste
(realmente)
Em ti?
Só por um milésimo?
Silêncio!
(...)
És vácuo!
És tudo!
Apenas,
Não o que
(necessariamente)
Poderias ser.
Letícia Andreia


Tic – Tac
Tic – Tac
Tic – Tac
Tic – Tac

Esse é o de dentro.

Tac – Tic – Tac
Tic – Tac – Tic
Tac – Tic – Tac

Esse é o da cama

No vazio do sono
O discurso prolongado
Das horas lentas no relógio.
- os relógios – eu diria.
Se fossem “cucos”
Eu ficaria louca
Na insônia que ronda minhas noites desertas.
É doentio isso.
Com tantos malabares ao fazer no dia seguinte...
E eu?
No Tic – Tac
Tac – Tic
Tac – Tic
Tic – Tac
Dos relógios conversando.
Viva a modernidade!

Necessito comprar digitais.
- São mais silenciosos.
E as horas – neles –
Não marcam o vazio.

Letícia Andreia


Você!
Ah!
Grito cortante
Coração errante
Muralhas em um labirinto
Respostas indecisas
Queda livre:
- teus beijos!
Ser Ícaro e ser Dédalo
Em tua mitologia...
Era tudo o que eu queria.
Saudades:
Túmulo certo
Para minha morte incerta.
Ver a existência vazia.
Crer na tua ausência infinita.
Ter tua doce lembrança
Ah!
Saudade!!!
Sonhar o sonho de Ícaro
É maior o meu desejo.


Letícia Andreia

Poema dedicado a Manoel de Barros pela perda de seu filho em 30 de abril de 2007



O que nunca me ensinaram...
Nunca me ensinaram a lutar contra as perdas...
Ensinaram:
que eu sempre devo levantar...
que devo ser muro...
que ser forte é sobreviver...
que há vida após a morte...
que não devemos cometer os 7 pecados capitais...
que sou importante pra alguém...
que a vida vale a pena....etc.
Esqueceram:
de mostrar o caminho certo...
de falar coisas bonitas...
do abraço amigo nas horas de solidão...
de ler os olhares perdidos...
de ensinar como se apaga uma dor...
de dizer, todos os dias, o quanto me amam...
de acreditar na poesia...etc, etc, etc...
Aprendi:
Com Manuel de Barros
o quanto vale a pena acreditar na palavra
e desgastá-la...desutilizá-la...
e jamais ser escravo dela.
A me encontrar nas coisas mínimas da vida
e na alegria dos menores momentos da infância.
A cair...
A perder...
Tudo isso a duras penas...
E a ser feliz nos momentos de dor.
A ser um ser religioso quando não posso explicar o inexplicável.

Letícia Andreia


As vozes ficam borboletando
Palavras soltas nos ouvidos dos meus pensamentos.
Há dias que incomoda pouco
– eu trabalho!
Tem dias que incomoda menos
- eu invento rotinas.
Há dias que não tem jeito e a pena...
A duras penas da caneta faço uso
E vãs melodias ressoam
Rápidas no branco do papel.
Branco?
Poderia ser azul?
Rosa?
Amarelo?
Verde?
Reciclado?
- quem sabe?
De que adiantam as cores
Se são os rumos da esfera
que tomam o percurso?
Abre-se um buraco na cabeça
- que escoa palavras pelos dedos.
É tempo de fazer algo
Agir!
A ação anula o pensamento.



Letícia Andreia



Um dia nasci de um ventre
Maduro
Louco
Materno!
Os primeiros passos
As primeiras palavras
No b-a-ba das letras
No b-a-ba da vida
No b-a-ba da lida
Você estava lá.
Ensinou-me a ser guerreira
A ser forte
A laçar a sorte.
Desencontros pela vida tivemos
E juntas crescemos.
Nos momentos difíceis para ti
Ensinaste-nos a fé.
Plantaste em nós a esperança
E com ela triunfamos sobre a morte.
Renasceste em meus braços
Como um dia eu nasci nos teus.
Deste-me o teu lugar
O teu abraço
O teu sorriso
As tuas mãos.
Quem dirá um dia
Que não estás?
Basta olhar pra mim...
O teu sopro de guerreira está aqui.
Meus caminhos distantes dos teus
Se cruzam.
És mãe
És ninho
És linho
Alimento!

Letícia Andreia


Quando eu crescer
Quero ser apenas palavra
Dessas bem pequenas
Bem comuns
E bem usadas por você.

Quando eu crescer quero estar na sua jogada
De instante estar na sua parada.

Quando eu crescer
O desuso de você
Vai fazer parte de mim
E o hoje - que não me pode –
Será maduro para ti.

Quando eu crescer
Seus laços atarão meus abraços
Meus braços servirão descansados aos teus.

Sóbrios desejos vãos do passado.

Quando eu crescer
Netuno ordenará às ondas do meu mar
Que aos teus pés baterei mansas
E assim...
Serei o descanso para tuas bases.

Quando eu crescer
Serei apenas o adulto que desejas hoje
Nem mais
Nem menos.

Mas quando eu crescer
Tuas retinas fatigadas
Entrarão em repouso
E distantes estarão de mim.

Letícia Andreia


Função de ser poeta
Prenderam, no interior, uma mulher que dizia ser poeta.
Acharam em sua mala, pronta para a fuga:
7 formigas que circulavam em uma caixa de fósforos
1 lesma escorregadia (ninguém pegou)
7 palavras de Deus
1 sapo com a boca costurada
1 avental de empregada (sujo)
1 gaiola de passarinho, sem passarinho dentro (miniatura)
1 escorpião vivo
1 retrato de um touro brabo
1 aquário de esperança (sem peixes dentro)
1 caixinha de papelão contendo pedaços velhos de batons desbotados
1 lenço de papel (usado)
8 canetas coloridas (sem tinta)
1 borracha para apagar o que não foi escrito
1 livro em branco (sem data de publicação contendo como título:
"Desejo de ser poeta")
Demais pertences pessoais e íntimos:
coração dilacerado
boinas vermelha preta branca
cachorros empalhados
um buraco de alma
gramática expositiva do chão
máquina de fabricar sonhos e realidades
pente sem dente
olhos de ouvido em pé
o anel de formatura
o brinco amassado
retrato da avó quando coisa
agenda de telefones inexistentes
pensamento distorcido para poeta
palavras muito usadas.

Pegou pena de morte por excesso de provas para função de ser poeta.

Letícia Andréia




Eu quero compor um samba
Um blues singular
Um rap fatal
Um rock banal

Eu quero a melodia exata
Que abale a guitarra
E o teu coração

Não quero o amor fatal
Nem as nuances do dia-a-dia
Não sou o cantor exagerado
Nem fico nas migalhas da tua medida

Preciso, meu bem, do seu sorriso
Da sua louca mania se ser
Mas não diga que fico à-toa
Não vivo o ócio doentio dos boêmios antigos

Oh baby
Olhe pra mim
Apaguei meu cigarro
O uísque secou
A zona etérea do teu ser acabou
E estou aqui
Aos poucos e poucos mais a ti

Oh baby
Diga adeus às moralidades
Ao anormal do normal
Ao léxico
Ao lodo
Ao lixo

Oh baby
Adeus aos maus momentos
E assim minha MPB - pouco lírica -
Amolda-se ao tempo medido

Eu quero compor meu som
No tom do teu calor
Um blues singular
Um rap fatal
Um rock já não mais mortal

Oh baby
Veja o mundo em paz
Sem nossas guerras
Sem nossos blá-blá-blás

Oh baby baby baby
Olhe pra mim
Meu cigarro apagou
O uísque secou
Apologia ao ócio maduro do ser
Não há

Oh baby baby baby
Delete o passado mórbido
Frouxo e acinzentado

Oh baby baby baby
Olhe pra mim
Preciso do teu doce sorriso
Da tua louca mania de ser

Oh baby
É assim que eu sei
É assim que eu te chamo

Oh baby
Volte pra mim
Pra minha tinta tão pouca
A minha guitarra rouca

Eu quero compor
Oh baby
Eu quero a tua MPB
Oh baby baby baby




Letícia Andréia


Que esconde nesse olhar?
Experiência dos anos vividos em vão?
- ou não?
Não!
Diga que já não sou tão nova ...
Diga que me deseja...
Diga que nosso laço pode ser perfeito...
Eterno...
Terno!
Que máscara esconde por detrás da barba?
A barba?
O homem?
.................
Quão presente está na sua ausência...
e o que marca?
A barba!
A máscara em você pretendo
-brevemente
-dissipar.

Letícia Andreia

sábado, 25 de julho de 2009


Vem e volta sua doce presença
Está na música
Vem no ar.
Está no livro
Vem no olhar.
Está no abraço
Vem no tocar.
Vem e volta sua doce e amarga presença.
Doce - pelas belas palavras que diz
pelo toque
pelo seu olhar - profundo!
Amarga - pela falta do abraço
do beijo
do carinho
do amor...
Somos cúmplices...
do nosso amor.
Por isso (na sua ausência)
vem e volta sua doce presença.
Letícia Andreia


Desprositos

noite: coração em lua
beijo roubado
alma tua



gaiola: liberdade amordaçada
no cativeiro
do amor


inverno: solidão da alma
ausência tua
em pele nua




liberdade: menino na moto
voando louco
na direção
do amor



liberdade: mar deserto
céu aberto
você e eu



espelho: te vejo
me vejo
no lago dos
meus teus
olhos


verão: canção noturna
aos beijos molhados
em nós dois



primavera: florindo meu coração
com tua presença
Letícia Andreia


Um coração
sozinho
não brinca
não canta
não faz nenhum encanto.
Mas, de repente,
se um outro coração se aproxima
e num batimento
lento e leve
bater...tocar...
alertar-se...
É emoção.
É vibração.
É mais que um só coração.
É brilho no olhar
de quem volta a sonhar.

Letícia Andreia


Era uma vez...
Um conto de fadas.
Um filme gravado
Na mente humana.
Uma estória mal passada -a limpo-
No interior do eu.
Era uma vez...
Um amor de fadas
Um amor de conto
Um amor de nada
Desses que atravessam
O tempo
O bonde
O monge!
O apocalíptico amor
Que causa danos.
Padece a alma
Na busca – a calma.
Era uma vez...
E renasce a fênix
No outro
O novo – velho –
Amor!
Alegria Alegria
Surge a esperança!
Era uma vez...
Um conto de fadas.
E acabou-se a estória!
Letícia Andreia




Cruel!
Cruel malícia do destino.
Deságua no mar
Os detalhes do que não vi.
Talvez!
Talvez!
Talvez!
Chegou a hora do basta!
E lastra...
A sensação do eu.
A dormente sensação...
O grito cortante na garganta
O vai...
O vai...
O acabou!
O recomeço se aproxima
Mas eu não o vejo.
Não o sinto.
O perco!
A competitividade
Me afasta do que posso ter.
Equilíbrio?
Não o tenho.
Mantenho brincadeiras de viver.
Sólido!?
- Bah!
Tento...
Tento...
Moldar-me ao que não sou.
Não é esta!
Jamais será!
O amor?
Está nas brincadeiras
De quando eu era.
Não sou mais!
O tempo passa!
E meus desejos
(sólidos)
No que não sei...
No que não sou.
Inconstantes vão ao léu.
Afrouxo a gravata do pensamento e...
Fujo do diálogo.
(Se fosse pra ser a mesma coisa
que eu ficasse na infância!
Brincadeiras...
Eu bem que tento
(em vão).



Letícia Andreia
Impetuoso caminho por onde cerca a felicidade
- ela foge!
Distante da alma,
o coração, se não lamenta,
lamentará as beldades perdidas desta vida.
Sombrio destino segue, ó amante!
Sua vida é bela.
Seu enlaço - distante.
Feliz está no presente,
amargurado no passado,
sozinho no futuro.
Siga seu coração
- mais uma vez -
ou pela última vez.
Mas não clame
a rouca voz da razão.
Que essa, longes léguas
se encontra da emoção.

Letícia Andreia

Agora é tarde
Inês é morta
Esqueço os versos
Componho o silêncio
A caneta não suja...
A tábula rasa.
(que não geme mais ao meu toque sofrido)

Silêncio poético!

O murmúrio da alma adormeceu
Violetas embelezam
a janela do banheiro:
solidão
angústia
ilusão.

Apago a luz
e contemplo o espelho.
Escuro!
Escuridão...
Escurecer...

Amordaçar a noite
da alma refletida no espelho.

Imagem nítida!

Letícia Andreia

Eu quero alcançar o amor
Com as flores mais belas do meu jardim
E não há nada que me faça voltar atrás
Nada que me faça esquecer seu olhar

E nesse sonho em que hoje está
Terei a presença da mais bela
Da linda mulher que és
E eu quero alcançar o amor
Com a mesma delícia
O mesmo perfume
E não me lembrar dos espinhos

Nem mesmo as estrelas podem dizer
Nem mesmo as carícias das ondas do mar
Irão contra meu desejo de alcançar seu amor

Bela mulher - discreto sorriso
Seu brilho seu perfume
Sua rouca voz se ecoa nos labirintos dos meus pensamentos

Eu quero alcançar o seu amor
Com a mais bela flor do meu jardim
E não há nada que me faça desistir
Dessa ilusão que me dá a vida

E se disser não
- Não creio que o digas -
Não creio que rejeite o mais puro amor em mim

Nem mesmo as estrelas irão dizer
Nem mesmo as carícias das ondas do mar
Se igualam aos momentos que viverei com você

E nesse sonho que hoje está
Terei a mais bela mulher
E não me dirá um não

Letícia Andreia



Do jeito que você me olha
Faço contas do presente
Alegria contida no momento mais feliz
Mais íntimo
Meigo.
Do jeito que você me toca
Soam palavras
Sussurros
Nada é obscuro.
Do jeito que você me olha
Cruza a esperança no ar
E no olhar
Tudo se diz:
O desejo
O medo
A alegria
O porto seguro que almejo
Está em você!?
Do jeito que você me olha,
Entrego-me toda...
Exalo meu perfume de fêmea no cio
A sua espera.
Do jeito que você me toca
Eternizo momentos consagrados
em meu amor por você.
Do jeito que você me olha
Sou sua!
Entrego-me nua
Nos braços e abraços seus.



Letícia Andreia

Meu silêncio comoveu-me para cisco.
As palavras faltam-me em hora tão imprópria.
A alma se esforça num lamento inútil:
- a poesia não se faz presente.
O ócio afastou-se dos dias mórbidos.
E tudo ficou tão cheio
Que não há nada a fazer.

Palavras são muitas
Enquanto eu pouca...
Rouca...
Água...
Rouco....
Riso...
Rio...
Rouco...
Rio...
Do que nada fui nem sou.

O silêncio comove-me para o oco.
Para toco...
Para o nada.



Letícia Andreia

Ócio

As horas passam...
o tempo voa...
..................................................
e eu aqui,
inerte,
entregue à poesia.

O que mais importa?
Isso é o ócio?!...
É tempo de poetizar...
Emanar poesia pelas pétalas da caneta.
Ociosidade necessária e produtiva
que faz dos dias mórbidos -
eternos ou passageiros.
Passageiros!

Letícia Andreia


O olho que me olha
Olha...
A boca do olho que me olha
Fala...
Fala o pensamento da vida
Que não sabe.
Passa a limpo
Passa a torto
A história do que olha
Mas não vê
Do que fala
Mas não crê.
Passa a limpo a calúnia
Na coluna do jornal falado.
Olho à volta
Olho a volta do que não foi.
À volta a volta do que não vê.
Olha o olho.
O olho olha.
Fala a fala: popular.



Letícia Andreia

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Novo perfil no Orkut:
Sabe aqueles dias em que horas dizem nada? kkkk
Pois é, não pretendo um ser coeso, exato, medido, previsível, lastimável e lúcido. Não!Indiscutivelmente não combina comigo.
Gosto da essência das coisas e das pessoas em seu recato princípio.
É lá que me encontro perambulando afinidades entre os seres.
E todos somos perfeitos em nossas imperfeições.
A tudo serei atenta com um leve toque de distração.
Pertenço aos contraditórios inexatos dos momentos.
Vez extrema alegria, vez vulcão em erupção.
É previsível minha imprevisão.
Depende do ângulo. Da relatividade.
Muito fácil de conviver... kkk
O sarcasmo e a ironia me visitam vez em quando.
Não sou poeta. Mal sei escrever.
Um pouco brega. Um pouco moda. Um pouco nostalgia.
As lembranças que povoam meu sótão,
no início - doces; cada vez mais doces à metragem do tempo.
Não leio tudo o que quero. E dez por cento de mim não diz tudo o que pensa.
Pra uns louca doida independente indiscutível.
Pra outros, brilho paz e espírito.
Pra mim alegria alegria alegria.
Visito o mar vez em quando e sou visitada por ele constantemente.
Mulher feminina frágil louca pela vida e pela morte.
Sem herdeiros (no momento) e sem herança para deixar. kkk
Como não?
Alguns atos falhos nos poemas que talvez nem sirvam de encomenda.
Histórias pra contar e metade do caminho para seguir em frente.
Afinal: sempre em frente!Bem... há muito mais sobre mim.
A questão: se eu disser tudo, o que resta a desvendar?
Letícia Andréia

TROCANDO IDÉIAS

Observo, atentamente,
a barata que
r a
o d
n
a cerveja que não tenho.

O câncer, o vírus, o verme
sempre estiveram presentes,
não quis encontrar tempo para percebê-los.
(Estavam na vida alheia!)

Aquele foi o tempo,
este é o tempo,
amanhã,
também, será o tempo
da Aids,
do Câncer,
..., e
da Cólera Humana.
Em todos os tempos
(novamente)
os poetas: foram, são e serão...
loucos.

É a tradição da ruptura.

Há uma cidade
sob
meus pés - já conquistada!
E eu? Onde estou?
Enquanto isso...
Há um mundo
sobre
os meus olhos - tento desvendar.
(O medo: sair ou não sair da Caverna?)
É tão cômodo ficar!!!
Por que decretar este
o mundo da solidão?
..............................................................

Se o sexo não vai bem,
troque de sexo!
Quem sabe...
experimente o mesmo sexo?!
Daí, tudo correrá bem!?!

Conquistar o mundo com a poesia -
É belo! -
Que tal conquistá-lo com a alma? -
Mais belo!!!

A poesia de nada vale
se não sentida.

Sexo, Sexo, Rock and Roll
e Sexo!!

Depois uma overdose de intelectualidade e,
quem sabe,
Freud explique.

Letícia Andréia



Jamais!
Jamais conseguirei entender!
O que perdi...
O que fiz...
O que não fiz...
Tudo em vão.
Fico com o que perdi.
Esqueço-me do que sou
Do que quero
Do meu por quê.
Simplesmente
Prendo-me ao que eu quero
Com a que não pude realizar.
Sou metade de mim agora.
Pela força do que não domino.
O que gostaria de ser?
Não sei!
A outra metade não me quer.
Ou quer?
Penso eu
Que as vontades de uma mulher
São o principal.
Ledo engano!
É necessário ouvi-las.
Agora,
Sou apenas din-dim.
Letícia Andreia

Arvorear deve ser uma ação boa...
Homens vêm arvoreando por toda vida.

Arvorear deve ter seu esplendor
em ter as gotas d'água sobre as folhas...
Em receber pássaros e insetos
em busca de seu líquido e alimento.

Para arvorear é preciso ter medo de agir.

Tornar-se árvore e manter-ser raiz
é o dom supremo de muitos -
não daqueles que desejam o voo dos pássaros.

Arvorear é fazer parte da terra...
É comungar a essência da mãe-terra...
É receber o alimento pela raiz.

Quando uma árvore cai...
tenho pena dos homens.

arvorear. VT. 1- ação do ser humano que tem medo de se libertar. 2. criar raízes em terra fértil. 3. tornar-se árvore de seus próprios medos. 4. depender dos pássaros para lhe comerem as larvas das folhas. 5. amar a terra como à própria vida. 6. ser feliz apesar de todas as prisões.

Se houvesse agora desejar-lhe um adeus...
Adeus!
Já não sinto as tuas lentes nos olhos meus.
Se houvesse outrora
Um grito pávido no meu corpo frágil...
Não mais desejaria o teu...
Vai meu amor por entre os dedos.
Como o entardecer para a noite
Não alcanço os lábios teus.
Digo-te adeus,
Como se gemesse mais minha alma
Na ausência dos carinhos teus.
Como se houvesse um tempo nublado
Sobre o horizonte que tenho a contemplar.
Assim foste em minha vida
Tristes momentos que ficaram
Da marca da despedida.
Mas nada mais me atormenta o espírito...
Minha alma acalma
E agora digo:
Adeus!


Letícia Andreia

Não adianta alimentar o passado.
Já não se faz mais presente
O sorriso constante...
Nem o doce perfume que trazias outrora.

Essas lágrimas modernas
Não fingem tão bem
Nem são constantes.

Tua essência ficou lá
No ontem
No teu lodo noturno.

Em teu beijo não há entrega...
O que esperas para ti?

Fingir até quando?
Até onde não se sentir?

Tira essa tua máscara
Não combina com tua nobre face.

Assuma tua verdadeira condição de amante.
E avante! Para ela! A amada.
Letícia Andreia


A virtude da borboleta está em suas cores
Jamais olhamos a lagarta antes vivida.
O que alegra a vida são as cores
O ar puro onde ela habita.
Faria pouso, a borboleta,
No solitário e reluzente farol
Que se alonga no infinito azul?
Pintura igual não há
Da solidão às cores da vida...
És o farol...
Ou a borboleta?
Não se questiones...
Respondas com a tua experiência de vida.


Letícia Andreia

O que há de se dizer da beleza?
Aos olhos torna-se vã qualquer sensatez
O pré figura-se em conceito
Quando os olhos traem à primeira impressão.
A primeira impressão é a que fica?
Seguro?
Que se faça beleza em ser.
Negues o olhar farsante
Vulgar
Inerte
Primeiro.
Seja belo...
Seja
Somente o ser.
A beleza virá
Não aos olhos...
Ao coração!


Letícia Andreia