segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Foram três ais.

Ai! Ai! Ai!
No ai primeiro,
Viu-se o homem ainda menino.
Recém saído de suas fraldas.
Engatinhando
Depois andando
E então falando.
Sapecando suas peraltices pelos quatro cantos da terra.
No segundo ai,
O homem já se desnudara para o mundo
E as coisas da terra
Viram-se descobertas
As peraltices ganharam novo prumo
E ai daquele que em seu caminho travasse línguas.
De tudo era um desbravador
De todos sentia-se superior
Conquistou bens
Realizou sonhos
Plantou uma árvore
Plantou um filho
Plantou um livro.
Sentou-se na plenitude do saber
Sentiu-se o dono das verdades
Sentiu-se o encantador das mentiras.
No ai terceiro,
Gastou tudo o que tinha,
Perdeu seus bens mais valiosos:
O amor
Os amigos
A família.
Sentiu-se só
Desamparado
Quis retroceder
Mas o tempo
Ai!
O tempo não para
Dilacera em verrugas a alma
E desse ai,
Tornou-se maduro
Sentiu-se pronto.
E já era hora
Não haveria tempo pra mais um ai
De quando em quando
As lembranças vinhas lhe povoar
Derramou lágrimas pelo tempo perdido.
Nesse ai terceiro,
Aprendeu o verdadeiro valor das pessoas.
E ai que chegou a hora do juízo final.
Dos três ais
Guardou as experiências
De nada terreno levou
E ai que se arrependesse de tudo
E ai que virasse humano

E ai que partiu sem pranto.


 
Letícia  Andreia

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