Verticalizei as sete e quarenta e cinco
Nem mais
Nem menos
Exatos.
Impressionante!
A poesia dos pássaros
Entoava o canto melancólico...
O sol ainda não saíra.
E eu... Já de pé
A trocar as fraldas da casa.
O sol espreguiçava seus raios
Pelos vazios das nuvens chumbo.
O anjo entregava-se ao sono profundo
No leito de amor.
E nem mesmo o tilintar do martelo
Na construção vizinha
O fazia desintoxicar-se do ébrio sono.
A primeira fralda a ser trocada
Foi a do canil.
As cadelas corriam para o portão
A dar seu bom dia à rua.
Os homens caminhavam automaticamente
Para suas rotinas...
E eu, agonizava poesia
Entre um balde de água e outro
Pelo lápis e retalho de papel.
Os pardais insistiam em dar
Bom dia ao preguiçoso sol.
As cadelas mal se importavam
Com o mundo cão que lavrava lá fora.
E brincavam...
E enamoravam a rua...
E sentiam-se imensamente felizes.
Um galo atrasado canta.
As aves realmente se importam
E imploram pelos raios de sol.
Duas horas mais tarde...
Fraldas da casa trocadas
Cadelas limpas
E alimentadas.
É hora do almoço.
Desenho o cheiro da comida mineira
E toco em frente a rotina das férias.
Letícia Andreia
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
.
Meus olhos
nos teus olhos
encontram:
a sabedoria
o amigo
o amante.
Meus braços
nos teus abraços
encerram:
o desejo
o carinho
o apego.
Meu mundo
no teu mundo
entrelaça:
a maturidade
a juventude
a união.
Letícia Andreia
nos teus olhos
encontram:
a sabedoria
o amigo
o amante.
Meus braços
nos teus abraços
encerram:
o desejo
o carinho
o apego.
Meu mundo
no teu mundo
entrelaça:
a maturidade
a juventude
a união.
Letícia Andreia
Poucas palavras
O guardador de águas
surpreendeu-me sentada à beira do rio.
Indagou à margem
qual era a minha sina.
O silêncio cristalizou o segundo.
Compreendeu, então,
a dor da solidão.
Letícia Andreia
surpreendeu-me sentada à beira do rio.
Indagou à margem
qual era a minha sina.
O silêncio cristalizou o segundo.
Compreendeu, então,
a dor da solidão.
Letícia Andreia
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Lembrança
Lembrança é madrasta comigo
Carrega mato de memória adentro
Criança não deseja entrar
Memória deu empurrão
Pro eu perder na mata do passado
Presente ficou perdido
Sem chão para pisar
Não gosto de lembranças
Elas são atrevidas comigo
Entram sem avisar
Bagunçam a casa
E, depois...
Depois?
Começa tudo outra vez.
Letícia Andreia
Carrega mato de memória adentro
Criança não deseja entrar
Memória deu empurrão
Pro eu perder na mata do passado
Presente ficou perdido
Sem chão para pisar
Não gosto de lembranças
Elas são atrevidas comigo
Entram sem avisar
Bagunçam a casa
E, depois...
Depois?
Começa tudo outra vez.
Letícia Andreia
Incontinência poética
Incontinência poética.
- disse isso ao acaso.
Doutor, esse poeta sofre
De uma grave incontinência poética.
Sua mente febril delira
E a necessidade de liberar poesia
Emana pelos poros da caneta
E suja o papel
- que não reclama.
- É grave – diz o doutor – Não há
O que fazer senão deixá-lo escrever
Escrever escrever escrever
Sua incurável incontinência poética.
Letícia Andreia
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Murmúrio
Ouça o murmúrio surdo
De um coração calado.
É valente!
Quem não o é
Quando fala o coração.
Um covarde desertou
Seu coração para verme.
Que pena!
Um covarde a mais na vida frustrada.
Um guerreiro amordaçou seus ouvidos
Para que não ouvisse a voz da razão.
Esse é feliz!
Letícia Andreia
Crepúsculo
Espero ardentemente o crepúsculo
Da minha vida.
Foi uma vida inteira que não tive,
Um vasto campo a ganhar,
Mas as horas, traiçoeiras,
Faltaram-me no momento “H”.
Agora? O que me resta?
Lembranças...
Nostalgias...
Tudo apagado.
Até mesmo o afago ficou no sótão
-quieto, apagado sem me encontrar.
De onde venho?
Onde estou?
O que me resta?
Para onde vou?
Fluir levemente qual bruma no lago?
Oh!, não, não faça de minha alma
Um mundo tão vasto
Que não se pode alcançar.
Quero viver.
Deixe-me viver.
Oh! Vírus, ingrato, fúnebre
Que enlouquece a humanidade.
Rastreio o sótão e... nada.
Nada encontro,
Nada consigo.
Só o sopro de minha ardente alma
Num grito brando de desafio.
Oh! Vida, onde andarás?
Depois da morte.
Não!
“O show deve continuar!”
Letícia Andreia
Equipe
admiro o trabalho em equipe
por isso admiro as formigas
fico na janela da cozinha
observando como elas se equilibram
no fio do poste
atravessam de uma árvore para outra por ele
costumam andar em grupo e,
quando uma vai e outro grupo vem,
tiram a sorte no par ou ímpar
quem passa por cima e quem passa por baixo do fio
as três passaram por baixo
e aquela - solitária - continuou
é assim a todo momento
o dia inteiro
formiga vai...
...formigas vêm
dizem que fazem morada no oco das árvores
fiquei pensando naquelas que cuidam do lar.
coitadas.
por isso admiro as formigas
fico na janela da cozinha
observando como elas se equilibram
no fio do poste
atravessam de uma árvore para outra por ele
costumam andar em grupo e,
quando uma vai e outro grupo vem,
tiram a sorte no par ou ímpar
quem passa por cima e quem passa por baixo do fio
as três passaram por baixo
e aquela - solitária - continuou
é assim a todo momento
o dia inteiro
formiga vai...
...formigas vêm
dizem que fazem morada no oco das árvores
fiquei pensando naquelas que cuidam do lar.
coitadas.
Assinar:
Comentários (Atom)





