terça-feira, 4 de agosto de 2009



Um pouco de tédio no poema que pratico.

Quanto maior a dor...

Mais belo o poema fica.

E eu fico!


Letícia Andreia



Vejo uma velha senhora entrar no bar.
Senta-se sozinha...
Sozinha fica.
Sorriso estampado no rosto.
Passado a refletir.,
Não há tempo de sofrimentos.
Apenas reminiscências...

As pálpebras pendem sobre os olhos
Numa demonstração da idade avançada.
Experiência dos dias contados...
Talvez 80 anos ela tenha.
Quem dirá?

Aprecia a cerveja longamente
E saboreia a juventude em sua alma.
Calma,
Tenaz das coisas que viveu.
Quase um século se passou.

É um bom tempo.

Fico emocionada ao vê-la ali...
Feliz!
Sozinha, mas feliz.
No íntimo,
Retomo meu futuro incerto
Na certeza de que aquela sou eu.



Letícia Andreia


Testamento

Um cachorro, um papagaio, uma galinha, um periquito, lembranças de um mundo não muito antigo, lágrimas, ilusões, depressão, sorrisos, amigos (a selecionar), objetos pessoais – uma caixa de poesias (nulas), coração partido em emoções, a identidade resgatada, fios de cabelo (para um possível DNA), vontade de ser gente e poesia, o nome ALEGRIA, uma gramática novinha (pelo desuso), brincos, roupas, moda.
Herdeiro:
Todo aquele que desejar ser nada e tudo ao mesmo tempo.
Portador de emoções.
Livre de preconceitos.
Pertencedor aos ciscos.
Esquecido para poesia.

Letícia Andreia



Voo raso
Voo fundo
Voo no universo
Voo na imensidão do nada.
Quero voar longe
Fronteiras atravessar
Meu medo me toma
Aterroriza!
Vejo o homem...
Sua espingarda
Sua malícia
Seu desprezo por mim.
Tenho vontade de ir além do horizonte
Descobrir o universo das árvores e pertencê-las.
Alimentar-me de novas lagartas
Novos ciscos para meu ninho
Nova passarinha par meu ser
Ou mesmo um tolo passarinho
A me acompanhar
Mas não vou ao voo sombrio do desconhecido.
Prefiro o cativeiro
Tranquilo
Pacato
Seguro.

Hei delibertar-me!
(Antes que meus sonhos se petrifiquem!)


Letícia Andreia


Nós sabemos
Estamos sós
Presos em nossos nós
Um é outro.
E quando morrermos
Nos tornaremos pó
Talvez em terras distantes
Talvez em tempos distantes
Talvez nem mais talvez.
Eu, o pó das cinzas
Você, o pó da terra
Comunguemos, enquanto é tempo
Essa essência da vida
Do prazer
Da amizade
Da união
Entrelaçados, agora, estamos
Eu não vou só
Você não fica só
Somos um
Somos dois
Seremos três?
Ou quantos mais?
Não desatemos nossos nós
Enquanto houver pó

Só.

Letícia Andreia

Eu preciso de você
Do seu gosto
Do seu corpo nu no meu

Eu preciso de você hoje
Agora
Sempre

Meu desejo é intenso
Não consigo domá-lo
Meus olhos no espelho
Procuram sua circunferência

Meu lamento quer
Aos seus ouvidos chegar
Trazer-lhe de volta aos meus braços

Eu preciso de você
Preciso até das suas brigas
Do seu mau humor
Mas eu preciso de você

Só hoje
Agora
Sempre!


Letícia Andreia